miércoles, 25 de marzo de 2009

CULTIVO (REYNALDO JIMÉNEZ)


...............................................................a Aníbal Cristobo


Ahora es la palabra santa que de mí mismo lava.
Ahora encarna palabra hasta sacarse del hambre.

Pasan luciérnagas en rías, mosquitos, mariposas,
falenas en realidad que han hecho nido en la casa,
en la causa, en la pausa alrededor
del ceño eléctrico sueño encendido, tropismo
sin especie ilusionista, cuarzo del ojo.

Ahora es la espera que se cuece a sí,
cultivo en la espesura córnea del bosque incendiado:
las lámparas arrasan toda selva
en busca del para siempre perdido paraíso.

Ahora está en la célula, en la sonaja, en el sudario.

Ahora espera las alas tendidas, pinzas deshechas
por la sal, a lo largo de la orilla, espinas del agua.

El krill de Kali respira la otra cara, que carece aun
de carencia y de cara, ausencia y logos, de cara
al fondo del muro adulto, dentro fugaz del proyector.

Ahora ausencia musa roza al parpadear
a quien de espaldas a la luna reza, y a quien besa
a su otra en ultratierra:
irisa pluma el porvenir de una estocada.

Ahora de ser siempre
manantial de cauce inseguro.

Ahora cada portador del hambre trae su letra
que rueda, entre los anillos y esas otras
baratijas, flojas, el suelo que afirmara
primeras personas por lo grave, acento.

Ahora en acto es inactual por experiencia.
Ahora experimenta con nosotros y ustedes.

Ahora cambió.
Salta
en la porción, porciúncula del santo
al que tímidos feroces cantan cuando callan.

El mantra de las temporalidades,
sílice que filtra sombras al reojo,
persuade un viento detenido, un alto
espejo adonde un ciervo huele,
mira el humo

ahuesado si tirita el panel de su destello.

Ahora empieza a lo largo.

Creer poseer un lapso, pero este paso surte
un efecto, sensación ábrete sésamo,
pasos suspensivos en el pasto,
margen a las ondas digitales, en la arena
que hierve de larvas de preguntares.

Ahora el aire está vivo, hecho del presentir,
resplandores innacidos y estallidos.

Salpican ecos la pared
lábil diosa de infancia.

Ahora sale del baño, el pelo
líquido arrastra los breves
remolinos, sin más
sonido, sin más
templo.

Ahora en la orilla de enfrente,
instante de enfrente, el segundo
de repente afuera.
Ahora es de tan cierto lejos.

Casi comprendo, casi pruebo
ese sabor sin dominio, sin
radicar ciertamente en sembradíos.

Pero no hay tiempos, muros, frases.




Cultivo (a Aníbal Cristobo): Agora é a palavra santa que de mim mesmo se purifica. / Agora encarna palavra até retirar-se da fome. // Passam vaga-lumes em estuários, mosquitos, borboletas, / falenas que na verdade têm feito ninho na casa, / na causa, na pausa ao redor / do cenho elétrico sonho aceso, tropismo / sem espécie ilusionista, quarzo do olho. // Agora és a espera que cozinha a si própria, / cultivo na espessura córnea do bosque incendiado: / as lâmpadas arrasam toda selva / em busca do para sempre perdido paraíso. // Agora está na célula, na soalha, no sudário. // Agora espera as asas estendidas, pinças desfeitas / pelo sal, ao longo da margem, espinhos da água. // O krill de Kali respira a outra cara, que carece ainda / de carência e de cara, ausência e logos, de cara / ao fundo do muro adulto, dentro fugaz do projetor. // Agora ausência musa roça ao piscar os olhos / a quem de costas para a lua reza, e a quem beija / a sua outra em ultraterra: / irisa pluma o futuro de uma estocada. // Agora de ser sempre / manancial de leito inseguro. // Agora cada portador da fome traz sua letra / que roda, entre os anéis e essas outras / ninharias, frouxas, o chão que afirmara / primeiras pessoas pelo grave, acento. // Agora no ato é inatual por experiência. / Agora experimenta conosco e com vocês. // Agora mudou. / Salta / na porção, porciúncula do santo / ao que tímidos ferozes cantam quando calam. // O mantra das temporalidades, / sílex que filtra sombras de través, / persuade um vento retido, um alto / espelho onde um cervo foge, / olha o fumo / ósseo, treme o biombo de seu cintilar. // Agora começa ao longo. // Crer possuir um lapso, mas este passo surte / um efeito, sensação ábre-te sésamo, / passos suspensivos no pasto, / margem às ondas digitais, na areia / que ferve de larvas de perguntares. // Agora o ar está vivo, feito do pressentir, / resplendores não-nascidos e estalidos. // Salpicam ecos a parede / lábil deusa da infância. // Agora sai do banho, o cabelo / líquido arrasta os breves / remoinhos, sem mais / som, sem mais / templo. // Agora na margem do defronte, / instante de defronte, o segundo / de repente afora. // Agora é de tão certo longe. // Quase compreendo, quase provo / esse sabor sem domínio, sem / radicar certamente em semeadeuses. // Porém não há tempos, muros, frases.

(Traducción de Claudio Daniel)


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